Baldur’s Gate 3 quase removeu recurso clássico de D&D por medo de deixar o jogo lento — e os jogadores tiveram papel crucial

Baldur’s Gate 3 quase removeu recurso clássico de D&D por medo de deixar o jogo lento — e os jogadores tiveram papel crucial

Desenvolvedores revelam que uma das mecânicas mais queridas quase ficou de fora, mas o feedback da comunidade mudou tudo


Quando Baldur’s Gate 3 foi lançado, ele não só trouxe a experiência de Dungeons & Dragons para os videogames de forma magistral, como também consolidou uma das adaptações mais fiéis e profundas do sistema de regras da mesa para um RPG eletrônico moderno. No entanto, em uma revelação surpreendente, um recurso fundamental do sistema de D&D esteve prestes a ser removido do jogo durante o desenvolvimento, simplesmente por medo de que atrapalhasse o ritmo da jogatina. 

O que quase foi cortado e por quê

No cerne dessa história estão as chamadas “Reações”, uma mecânica essencial de Dungeons & Dragons que permite aos jogadores responder a ações durante o turno de outras entidades. Por exemplo, magias como Contra-Feitiço (Counterspell) podem interromper um adversário no meio de sua conjuração, mesmo que não seja o turno do personagem que ativou a reação. 

Segundo o fundador e CEO da Larian Studios, Swen Vincke, a equipe inicialmente considerou deixar as Reações de fora de Baldur’s Gate 3. A preocupação era clara: eles temiam que essa mecânica “ralentizasse demais o fluxo do jogo”, tornando batalhas mais burocráticas e menos fluidas para jogadores menos familiarizados com D&D. 

A virada graças à comunidade

Foi durante a fase de Early Access, quando jogadores puderam experimentar versões preliminares e dar feedback direto aos desenvolvedores, que essa decisão começou a ser seriamente questionada. No meio da aventura, os fãs fizeram barulho: eles queriam as Reações de volta, argumentando que aquilo fazia parte da alma do sistema de D&D e que sua ausência deixaria a experiência incompleta. 

O estúdio acabou cedendo e com razão. Depois que as Reações foram reinseridas no jogo, a própria equipe reconheceu que o receio inicial havia sido exagerado. Ao contrário de “atrapalhar” o ritmo, o recurso enriqueceu o combate e expandiu a profundidade tática das batalhas, tornando os encontros mais ricos e estratégicos.

Eles estavam certos! Nós ficamos uma boa parte xingando e depois começamos a integrar as Reações em todo o jogo”, disse Vincke, destacando que aquele foi um momento crucial durante o desenvolvimento. 

O valor do Early Access na construção do jogo

Essa história ilustra como o modelo de Early Access foi importante para Baldur’s Gate 3. Desde os primeiros testes até a versão final, a participação ativa da comunidade não só ajudou a aperfeiçoar mecânicas como também moldou decisões que impactaram diretamente a experiência de milhões de jogadores.

Vincke afirmou que essa abordagem colaborativa é agora uma parte essencial da filosofia da Larian, e que a equipe planeja repetir isso em futuros projetos, incluindo o próximo jogo da empresa, possivelmente com Early Access novamente. 

Para fãs de RPG, isso é mais do que um detalhe técnico: é um exemplo claro de como respeitar as raízes de um sistema clássico pode fazer toda a diferença em um jogo que pretende honrar sua fonte. Ao preservar as Reações, uma das mecânicas que mais definem o estilo de D&D — Baldur’s Gate 3 conseguiu oferecer uma experiência mais profunda, estratégica e, especialmente, fiel às expectativas dos fãs de RPG de mesa.

Fonte: Polygon / GamesRadar