O co-diretor explica sua busca por novos desafios criativos e o fim de um ciclo de quase duas décadas
Bruce Straley, uma das vozes criativas por trás de The Last of Us, finalmente explicou em detalhes por que decidiu encerrar sua longa trajetória na Naughty Dog — quase oito anos depois de sua saída em 2017. Depois de 18 anos contribuindo para alguns dos maiores marcos da história dos videogames, ele percebeu que precisava de algo novo para manter seu fogo criativo aceso.
Um ciclo criativo que precisava se renovar
Straley construiu sua carreira na Naughty Dog ajudando a criar — e dirigir — franquias que definiram uma geração. Ele começou como artista em Crash Team Racing e, ao longo dos anos, assumiu papéis de liderança em títulos como Uncharted 2 e The Last of Us. Mas, conforme contou em um extenso entrevista, a forma de trabalhar do estúdio começou a se tornar uma repetição de fórmulas que ele mesmo ajudou a estabelecer.
Para ele, o desafio de sempre responder às mesmas perguntas e trabalhar dentro de um estilo narrativo e mecânico já conhecido começou a pesar. Sua mente buscava novos problemas para resolver, algo que exigisse um impulso criativo constante — algo além de contribuir para projetos que, em sua essência, não eram “dele”.
Saiu não por conflito, mas por evolução
Straley deixou claro que sua saída não foi motivada por desentendimentos com a equipe ou por descontentamento com a indústria em si. Pelo contrário: ele reconhece que foi bem remunerado, respeitado e que trabalhou com pessoas que admirava. Porém, após anos intensos de desenvolvimento, especialmente em projetos com cronogramas apertados como Uncharted 4, ele sentiu que era hora de dar um passo ousado e tentar algo totalmente seu.
Em suas palavras, a decisão nasceu da percepção de que ele estava colocando muita energia em construir mundos e personagens que não eram de sua propriedade, e que sua criatividade pedia um salto para fora dessa estrutura.
Novos horizontes com Wildflower Interactive
Desde então, Straley fundou seu próprio estúdio, a Wildflower Interactive, onde busca cultivar um ambiente de desenvolvimento diferente, mais experimental, mais introspectivo e menos preso às expectativas de grandes franquias AAA. No The Game Awards 2025, ele apresentou o primeiro projeto da nova equipe: Coven of the Chicken Foot, um jogo que contrasta nitidamente com os blockbusters cinematográficos pelos quais ele ficou conhecido.
Esse movimento representa um desejo claro de explorar novas formas de contar histórias interativas, sem as amarras que grandes IPs geralmente impõem. Straley está disposto a correr riscos, enfrentar possíveis fracassos e, acima de tudo, criar algo que reflita sua visão pessoal — mesmo que isso signifique sair da zona de conforto.
Fonte: Polygon
