Trailer no The Game Awards pode custar mais de US$ 1 milhão

Trailer no The Game Awards pode custar mais de US$ 1 milhão

Premiação se consolida como uma das vitrines mais caras (e controversas) do entretenimento digital


A exibição de um trailer no The Game Awards 2025 se tornou um investimento pesado até mesmo para gigantes da indústria. Segundo informações obtidas pelo Kotaku, colocar um vídeo de três minutos durante a transmissão pode ultrapassar a marca de US$ 1 milhão, valor que praticamente dobra o custo cobrado por Geoff Keighley na Gamescom Opening Night Live. A lógica é simples: a audiência gigantesca transformou o evento em uma vitrine premium, e a monetização depende diretamente destes espaços pagos.A precificação funciona de forma escalonada. Um clipe de 30 segundos pode custar até US$ 300 mil, enquanto um minuto gira em torno de US$ 420 mil.

Em comparação, a Opening Night Live cobra cerca de US$ 500 mil por três minutos, reforçando como o TGA opera em um patamar completamente diferente. Como não há intervalos comerciais tradicionais (por não estar na TV aberta), o show precisa se sustentar vendendo justamente o conteúdo exibido.

Audiência colossal justifica o modelo comercial

O alcance absurdo do evento é o que sustenta esses valores agressivos. Em 2024, o The Game Awards alcançou 154 milhões de visualizações ao vivo somando YouTube, Twitch, Steam e TikTok, um crescimento de 31% em relação ao ano anterior. No YouTube, o pico simultâneo foi de 14 milhões de espectadores. Para grandes publishers, pagar caro pode ser um “mal necessário”: a explosão de relevância global costuma compensar o investimento se o trailer viraliza imediatamente. Ainda assim, Keighley mantém alguns espaços gratuitos destinados a projetos estratégicos ou relevantes para a narrativa do show, normalmente produções independentes sem orçamento robusto de marketing. Mas esses casos são exceções; a maioria absoluta dos trailers exibidos está diretamente vinculada ao valor pago. O modelo, apesar de lucrativo, tem gerado incômodo. Muitos desenvolvedores argumentam que a premiação perde parte de sua essência ao priorizar quem consegue pagar, deixando jogos menores em segundo plano. A crítica se intensifica quando se observa que o evento se apresenta como uma celebração da indústria, mas cobra cifras pesadas para qualquer forma de visibilidade adicional.

Até mesmo os indicados sofrem com essa estrutura. Nas categorias principais, cada jogo recebe apenas dois ingressos gratuitos. Qualquer membro adicional da equipe precisa pagar US$ 300 por entrada, o mesmo valor cobrado ao público geral. O estúdio francês Sandfall Interactive, por exemplo, desembolsou esse valor para cada integrante extra levado à cerimônia, em meio à divulgação de Clair Obscur: Expedition 33. Para pequenos estúdios, especialmente os que vêm de fora dos Estados Unidos, o peso financeiro é ainda maior. Um designer indicado no ano passado contou ao Kotaku que gastou aproximadamente US$ 700 do próprio bolso para comparecer ao evento. Ele afirmou que não podia abrir mão de uma oportunidade tão rara, mas reconheceu que o custo foi “caro e sacrificante”. Além do preço do ingresso, entram na conta passagem aérea, estadia, alimentação e a flutuação desfavorável do câmbio.


O The Game Awards se estabeleceu como um dos maiores espetáculos do entretenimento digital, mas o brilho vem acompanhado de um custo que muitos consideram proibitivo. Enquanto grandes publishers tratam a premiação como um palco indispensável, desenvolvedores menores enxergam nela um ambiente cada vez mais inacessível. E essa disparidade está alimentando uma discussão cada vez mais intensa sobre o verdadeiro propósito do evento, celebrar a indústria ou comercializá-la até o limite. Para 2025, o cenário indica que a tendência continuará: mais audiência, mais competição por espaço e valores ainda maiores. E, com isso, o debate sobre quem realmente consegue aparecer no palco mais assistido dos videogames só deve ficar mais acirrado.