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Alta histórica nos preços da RAM e demanda esmagadora por IA criam um efeito dominó que atinge fabricantes, consumidores e todo o ecossistema de hardware
As vendas de placas-mãe desabaram de forma brutal nos últimos dois meses, com quedas que chegam a 50% entre fabricantes como MSI, Gigabyte e Asus. Os números, levantados pela mídia chinesa e divulgados pelo HKEPC, mostram um colapso que destoa completamente do movimento sazonal típico do final do ano, período em que o mercado de hardware costuma acelerar. A explicação para o desastre é direta: a alta repentina e agressiva no preço da memória RAM desde outubro praticamente congelou o interesse dos consumidores por upgrades. Sem RAM acessível, ninguém troca placa-mãe, não monta PC novo e muito menos se anima a renovar a plataforma.
A retração nas vendas não deve parar por aí. Analistas projetam que CPUs serão o próximo alvo da crise, já que o consumidor simplesmente não vê sentido em atualizar processador quando a RAM necessária para acompanhar o upgrade está custando o dobro. Por outro lado, periféricos gamer (mouses, controles e monitores) seguem imunes à sangria. Sem montarem PCs novos, usuários migram para compras menores e mais baratas, um comportamento típico de um mercado travado.
A causa raiz: a Inteligência Artificial devorando o estoque global de memória
Se você quer um culpado claro, ele existe: infraestrutura de Inteligência Artificial. Servidores dedicados à IA precisam de quantidades gigantescas de RAM, HBM e armazenamento NAND para treinar modelos cada vez maiores. Quando empresas como Nvidia, Microsoft e Anthropic anunciam parcerias multibilionárias, isso significa lotes inteiros de chips reservados antes mesmo de saírem das fábricas. O resultado é óbvio: a indústria consome toda a produção disponível, e o mercado de consumo fica com migalhas, a preços absurdos. Essa situação não deve melhorar tão cedo. Especialistas alertam que o ciclo de alta da memória pode se estender até 2028 ou mais, pressionado pela expansão contínua da IA e por gargalos de produção que não serão resolvidos rapidamente.
A tensão no setor não para na RAM. SSDs baseados em TLC e QLC NAND também estão ficando mais caros. Placas de vídeo, que tradicionalmente caem de preço na Black Friday, mantiveram valores altos, sinal claro de que não há alívio nem mesmo em períodos promocionais. Enquanto isso, montar ou atualizar um PC (hobby historicamente caro) está se tornando simplesmente inviável para uma parcela enorme dos consumidores. As escolhas estão ficando previsíveis: adiar upgrades, comprar menos RAM do que o ideal ou simplesmente desistir de atualizar.
A combinação de demanda inflada pela IA, oferta limitada e preços em alta criou um cenário perfeito para derrubar o mercado de componentes. A queda de até 50% nas vendas de placas-mãe é apenas o sintoma mais visível de uma crise maior que deve durar anos. Para entusiastas e jogadores, o recado é duro: se você planejava montar um PC em 2024–2025, prepare-se para adiar planos ou pagar caro… muito caro.