Valve trabalha em tecnologia para levar jogos do Steam ao mobile

Valve trabalha em tecnologia para levar jogos do Steam ao mobile

Versão ARM do SteamOS pode redefinir onde e como jogos de PC poderão rodar


A Valve está desenvolvendo silenciosamente, há quase uma década, um projeto ambicioso que pode transformar o mercado de jogos de PC: rodar títulos do Steam diretamente em dispositivos móveis. A iniciativa começou em 2016, muito antes da popularização dos handhelds, e está focada em criar uma camada de compatibilidade capaz de executar jogos x86 em smartphones e tablets com arquitetura ARM. É uma estratégia de longo prazo que mira algo simples de explicar, mas extremamente complexo de entregar: acesso total à biblioteca Steam em qualquer dispositivo.

A empresa decidiu não seguir o caminho dos ports nativos ou do streaming como solução principal. Em vez disso, investiu em tecnologias de código aberto e na contratação de especialistas para desenvolver uma base sólida que permita aos dispositivos ARM lidar com softwares originalmente pensados para Windows e CPUs x86. O destaque desse esforço é o FEX, um emulador avançado que traduz instruções x86 para ARM e viabiliza a execução dos jogos com consistência. Para a Valve, essa camada não é um complemento, mas o coração do projeto.

Ecossistema unificado em múltiplos dispositivos

A versão ARM do SteamOS preserva a mesma fundação Linux presente no Steam Deck e nos sistemas tradicionais da Valve, o que reduz fragmentação e facilita manutenção. A ideia é clara: criar um ecossistema único, sem versões paralelas ou experiências incompatíveis. Na prática, isso significa que o usuário poderá alternar entre PC, Steam Deck, Steam Machine e, futuramente, dispositivos móveis sem perder familiaridade ou recursos. Esse movimento amplia radicalmente a noção do que é “jogar no PC”. Em vez de depender de máquinas robustas, o usuário poderia carregar sua biblioteca inteira no bolso, usando apenas um smartphone de boa performance. Segundo Pierre-Loup Griffais, o time está empolgado com a possibilidade de oferecer essa liberdade em escala global.

Ao ser questionado sobre um possível smartphone proprietário rodando o SteamOS, Griffais deixou a porta entreaberta. A empresa já explorou parte desse conceito através do Steam Link, mas o foco atual está em aprimorar o ecossistema existente, especialmente o Steam Deck e a nova Steam Machine. Mesmo assim, a declaração sugere que a ideia não está descartada, apenas não faz parte das prioridades imediatas. A nova Steam Machine será lançada no início de 2026, reforçando o compromisso da Valve com hardware próprio e a expansão do seu ecossistema. É uma peça importante dessa estratégia e deve servir como mais um ponto de integração para o SteamOS em diferentes arquiteturas.

Mudanças que podem impactar toda a indústria

Se a Valve conseguir entregar performance sólida em ARM e compatibilidade ampla com jogos x86, o impacto será imediato. Desenvolvedores ganham mais alcance, usuários passam a ter flexibilidade total e o conceito de plataforma se torna mais fluido do que nunca. As empresas concorrentes terão de repensar sua abordagem para jogos em mobile e PC, especialmente se o SteamOS se tornar uma opção viável em dispositivos compactos. A promessa é ousada, mas o tempo de desenvolvimento mostra que a Valve não está jogando para a plateia. Ela está preparando terreno para um futuro onde jogar no PC não significa necessariamente usar um PC. É uma visão que, se concretizada, pode redefinir completamente o cenário dos games nos próximos anos.