Rockstar Games enfrenta protestos após demissões de funcionários sindicalizados

Rockstar Games enfrenta protestos após demissões de funcionários sindicalizados

Manifestantes denunciam demissões como ataque a direitos trabalhistas enquanto empresa alega quebra de confidencialidade


A Rockstar Games se tornou alvo de uma onda de protestos após demitir mais de 30 funcionários ligados a atividades sindicais. As manifestações ocorreram na sede da empresa em Edimburgo, Escócia, e foram organizadas pelo Independent Workers’ Union of Great Britain (IWGB), que classificou as demissões como “o ato mais cruel de combate sindical na história da indústria de jogos do Reino Unido”. A Rockstar afirma que os desligamentos ocorreram porque os funcionários “distribuíram e discutiram informações confidenciais em um fórum público”.

Entretanto, o presidente do IWGB, Alex Marshall, contesta essa versão. Segundo ele, o suposto fórum público era, na verdade, um servidor privado no Discord, utilizado pelos funcionários para debater condições de trabalho, uma prática legalmente protegida no Reino Unido.

Protestos e críticas à cultura corporativa

Durante os atos, manifestantes criticaram a cultura interna da desenvolvedora de GTA 6. Um participante descreveu a empresa como “uma máquina que cria bilhões em valor para seus acionistas estrangeiros em uma indústria repleta de exploração, práticas injustas e condições de trabalho irracionais”. Outro manifestante afirmou:

“Grand Theft Auto 6 vai gerar bilhões, isso não está em dúvida. Acionistas ficarão ricos, fortunas serão feitas. Mas quero que as pessoas pensem no custo humano. As pessoas esgotadas, as carreiras encerradas, as vidas em desordem.”

Impacto sobre os funcionários demitidos

Ex-funcionários relataram medo de se organizar sindicalmente e preocupação com consequências pessoais. Um ex-integrante do departamento de controle de qualidade, que atuou quase quatro anos na empresa, disse:

“Eu estava apreensivo, pensando que poderia estar colocando um alvo nas minhas costas. Ninguém deveria se sentir assim quando se organiza em seu local de trabalho.”

O mesmo ex-desenvolvedor destacou que os desligamentos tiveram impactos graves, afetando sustento familiar, planos de saúde e vistos de permanência no país. Em um caso, uma funcionária foi demitida durante licença-paternidade, apenas nove dias após o nascimento do segundo filho. A situação ganhou atenção no Parlamento britânico, onde um deputado questionou quais medidas poderiam apoiar os funcionários afetados. O líder da Câmara dos Comuns prometeu levar o caso a ministros para verificar “que ação, se alguma, pode ser tomada para resolver isso”.

Enquanto isso, os protestos contra a Rockstar continuam. Segundo relatos, funcionários planejam manifestações internacionais, exigindo a reintegração dos 30 demitidos, reforçando o debate sobre direitos trabalhistas e a cultura de trabalho na indústria de games.