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Co-fundador expõe temores após o escândalo de GTA San Andreas, comenta planos originais para Niko Bellic em GTA 4 e esclarece o enigmático cancelamento de Agent
O co-fundador da Rockstar Games, Dan Houser, trouxe à tona revelações inéditas sobre momentos decisivos e conturbados da história do estúdio responsável por Grand Theft Auto e Red Dead Redemption. Em recentes entrevistas, Houser abordou três marcos que moldaram a trajetória da empresa: o impacto devastador do escândalo Hot Coffee em GTA San Andreas, o final alternativo planejado para GTA 4 e os bastidores do misterioso projeto cancelado Agent.
O pesadelo de Hot Coffee: quando a Rockstar quase foi fechada
Em 2005, Grand Theft Auto: San Andreas se tornou o centro de uma das maiores controvérsias da história dos videogames. Modders descobriram um minigame sexual oculto, apelidado de Hot Coffee, presente no código do jogo. Embora inacessível de forma normal, ferramentas de terceiros permitiram desbloquear o conteúdo, gerando uma crise sem precedentes para a Rockstar. O caso levou à reclassificação do jogo pela ESRB de “Mature” (17+) para “Adults Only” (18+), forçando a retirada de San Andreas das lojas e resultando em prejuízos estimados em mais de US$ 50 milhões para a Take-Two Interactive. Além das perdas financeiras, o episódio atraiu processos, investigações governamentais e críticas públicas, ameaçando a reputação e a sobrevivência do estúdio.
“Eu estava constantemente preocupado que poderíamos ser fechados após aquilo”, revelou Houser, destacando o clima de pânico que se instaurou na empresa.
A revelação ajuda a compreender a dimensão do trauma interno causado pelo incidente, que redefiniu políticas de segurança e controle de conteúdo em toda a indústria. O caso Hot Coffee acabou se tornando um divisor de águas na regulamentação dos videogames, impulsionando discussões sobre classificação etária, transparência de conteúdo e responsabilidade criativa.
GTA 4 e o destino de Niko Bellic: a morte que nunca aconteceu
Outro momento revelador veio quando Houser comentou sobre os planos originais para o final de Grand Theft Auto 4, lançado em 2008. O escritor e produtor confirmou que pretendia matar Niko Bellic, o protagonista, em um desfecho trágico.
“Eu queria que no final de GTA 4 fosse possível matar o Niko, mas não dava. O jogo simplesmente não funcionava”, explicou.
A decisão foi descartada porque a Rockstar não encontrou uma maneira satisfatória de permitir que os jogadores continuassem explorando Liberty City após o término da história. Essa limitação técnica acabou influenciando diretamente o design narrativo de Red Dead Redemption, lançado dois anos depois, onde a morte do protagonista é seguida pela introdução de um novo personagem jogável. A revelação também reforça o caráter sombrio e existencialista de GTA 4, cuja narrativa mais realista e introspectiva marcou uma ruptura com o tom satírico e exagerado dos títulos anteriores. Niko Bellic, um imigrante assombrado por seu passado, foi concebido como o reflexo moral de uma América em crise e, segundo Houser, sua morte teria encerrado a história “em uma nota ainda mais amarga”.
O mistério de Agent: cinco versões e um sonho que nunca se concretizou
Por fim, Dan Houser abordou um dos maiores enigmas da Rockstar: o cancelamento de Agent, anunciado como exclusivo do PlayStation 3 durante a E3 de 2009. O jogo prometia uma experiência de espionagem durante a Guerra Fria, mas desapareceu em meio a anos de silêncio e especulação. Segundo o co-fundador, o projeto passou por cinco versões diferentes, cada uma explorando ambientações e propostas distintas.
“Eu não sei o que o jogo teria se tornado. Nós nunca chegamos longe o bastante para desenvolver uma história de verdade”, afirmou Houser, explicando que a equipe enfrentava dificuldades em equilibrar a liberdade de um mundo aberto com a natureza contida de um thriller de espionagem.
Ele ainda destacou que, ao contrário do cinema, o gênero de espionagem “não funcionava bem em um videogame”, pois exigia sigilo e controle narrativo, elementos difíceis de harmonizar com o estilo sandbox da Rockstar. Com o tempo, a empresa acabou priorizando outros projetos, como Grand Theft Auto V e Red Dead Redemption 2, e Agent foi oficialmente cancelado, embora sua marca registrada tenha permanecido ativa por mais de uma década. As declarações de Dan Houser oferecem um raro vislumbre dos bastidores da Rockstar Games, revelando a constante tensão entre ambição criativa, desafios técnicos e pressões corporativas.
Desde a crise do Hot Coffee até os dilemas narrativos de GTA 4 e a frustração com Agent, as histórias refletem a trajetória de um estúdio que sempre buscou testar os limites da narrativa interativa. Após deixar a Rockstar em 2020, Houser fundou o estúdio Absurd Ventures, dedicado a criar novas propriedades intelectuais para múltiplos formatos, incluindo videogames, filmes e séries. Embora siga um novo caminho, sua visão ainda molda a indústria e suas confissões recentes reafirmam por que a Rockstar se tornou sinônimo de ousadia, inovação e, acima de tudo, controvérsia.
Fonte: The Gamer
Fonte: The Gamer
Fonte: The Gamer