Ex-vice-presidente da divisão revela estratégias frustradas e aponta erros na abordagem da gigante do e-commerce no mercado de jogos para PC.
A Amazon Prime Gaming passou mais de uma década tentando superar a liderança da Steam no mercado de jogos para PC, mas sem sucesso. Em uma publicação recente no LinkedIn, Ethan Evans, ex-vice-presidente da divisão, detalhou como a empresa, mesmo com recursos financeiros massivos, não conseguiu desbancar a plataforma da Valve.
“Quando era VP do Amazon Prime Gaming, falhamos múltiplas vezes ao tentar competir com a plataforma Steam”, afirmou Evans. “Éramos pelo menos 250 vezes maiores em tamanho e tentamos de tudo, mas no final, Golias perdeu”.
Ao longo desses 15 anos, a Amazon adotou diversas estratégias para tentar conquistar o público de PC. A primeira delas foi a aquisição da Reflexive Entertainment, uma pequena loja de jogos, com o objetivo de expandi-la em escala global. Apesar do investimento, a iniciativa não trouxe resultados significativos. Com a compra da Twitch, a empresa criou sua própria loja de jogos para PC, apostando na base de usuários da plataforma de streaming. A expectativa era que a familiaridade com a Twitch incentivasse os jogadores a comprarem diretamente na loja da Amazon.
A estratégia, porém, subestimou a fidelidade dos usuários à Steam, que já oferecia uma experiência consolidada e completa. Além disso, a Amazon investiu no desenvolvimento do Luna, serviço de streaming de jogos que permitia rodar títulos pesados sem necessidade de um PC potente. Lançado no mesmo período que o Google Stadia, o Luna também enfrentou dificuldades para conquistar espaço, não conseguindo competir com a base consolidada da Steam.
O principal erro: subestimar a fidelidade dos jogadores
Evans destacou que o maior equívoco da Amazon foi não compreender os motivos que mantêm os jogadores fiéis à Steam. A plataforma da Valve combina loja, rede social, biblioteca e sistema de conquistas em um único ecossistema funcional, criando uma experiência difícil de ser replicada.
“Jogadores já têm a solução para seus problemas e não mudam de plataforma apenas porque existe uma nova opção”, explicou o ex-executivo.
Mesmo com investimentos em acordos de publicação, jogos gratuitos e promoções, a Amazon não conseguiu superar a barreira da fidelidade dos usuários. A recente reestruturação da Amazon também afetou a divisão de games. A empresa anunciou a demissão de 14 mil funcionários, incluindo cortes significativos em Prime Gaming e no desenvolvimento do MMO New World: Aeternum, que terá seu suporte encerrado em breve. O relato de Evans evidencia que, apesar de seu tamanho e recursos, a Amazon não conseguiu replicar o modelo de sucesso da Steam, reforçando a dificuldade de conquistar jogadores acostumados a um ecossistema consolidado e funcional.
Com isso, Prime Gaming segue ativo, mas limitado a ofertas de jogos gratuitos, bônus de assinantes e integração com Twitch, sem ameaçar de fato a liderança da Valve no mercado de PC.
