Novo jogo da franquia abandona adaptações cinematográficas e apresenta um agente em formação, mais humano e vulnerável, interpretado por Patrik Gibson.
A IO Interactive decidiu seguir um caminho original para 007: First Light, transformando o jogo em uma história de origem para James Bond, em vez de adaptar filmes consagrados da franquia. Em entrevista à Edge Magazine, o diretor criativo Hakan Abrak explicou que o estúdio nunca teve interesse em reproduzir tramas já vistas no cinema.
“Não estávamos interessados em empurrar pixels para, por exemplo, fazer Pierce Brosnan parecer bom”, afirmou Abrak.
Para o diretor, a essência do projeto está em dar liberdade criativa à equipe, criando uma versão própria e contemporânea do icônico espião britânico. Ele ressaltou que, embora respeite os clássicos como GoldenEye e Nightfire, o foco da IO Interactive é imprimir sua identidade narrativa e estética no universo de Bond.
Um James Bond antes da fama
007: First Light apresentará um protagonista em início de carreira, ainda distante do agente frio e implacável dos filmes. A ideia, segundo Abrak, é mostrar um Bond mais vulnerável, em formação, que ainda está aprendendo a lidar com o peso de ser um agente 00.
“Não queríamos criar este super-homem desde o primeiro dia, onde ele já está no topo do mundo, endurecido e experiente”, explicou. Queríamos explorar quem ele era antes de tudo isso, antes de as cicatrizes emocionais moldarem o personagem que conhecemos.”
Essa abordagem pretende humanizar o espião e aproximar o público de suas origens, mostrando um jovem Bond enfrentando dilemas pessoais e profissionais, cometendo erros e descobrindo o que significa ser um agente secreto. Para reforçar essa nova direção, a IO Interactive escalou o ator irlandês Patrik Gibson (conhecido por Dexter: Original Sin) para interpretar a versão mais jovem do personagem. A escolha marca o rompimento definitivo com as interpretações de Sean Connery, Pierce Brosnan e Daniel Craig, consolidando a proposta de uma leitura completamente nova do mito de 007.
O diretor de cinematografia e narrativa, Martin Emborg, destacou que o objetivo é ir além dos clichês associados ao personagem.
“Todos sabem como Bond pede sua bebida, como se veste, o que dirige. Esse tipo de coisa fica raso muito rapidamente. Se você quer contar uma história e envolver o público emocionalmente, isso simplesmente não é o bastante”, afirmou.
Um herói mais humano e identificável
Emborg ainda comparou a abordagem do jogo com o clássico Dr. No (1962), o primeiro filme da franquia.
“É bastante insano que Dr. No comece e Bond já esteja completamente formado. Ele está vencendo no bacará, bebendo e entediado, como se tudo fosse banal. É a realização máxima de um desejo, mas não é algo identificável”, observou o diretor.
Em contraste, First Light buscará retratar um Bond que ainda não domina completamente sua persona. O jogo pretende explorar seus medos, falhas e inseguranças, sem deixar de lado o charme e a confiança que caracterizam o agente britânico. Mesmo com uma abordagem mais humana e introspectiva, 007: First Light não abrirá mão da ação que define a franquia. O gameplay revelado mostra o protagonista executando disparos precisos, enfrentando tiroteios intensos e realizando cenas espetaculares (como saltar de um avião em movimento) que demonstram o potencial do título para equilibrar narrativa e espetáculo visual.
Com lançamento marcado para 27 de março de 2026, 007: First Light chegará ao PC, PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch 2. O projeto marca uma das apostas mais ambiciosas da IO Interactive, conhecida pela série Hitman, e promete redefinir a forma como o público enxerga o agente 007 nos videogames. Ao abandonar a adaptação direta dos filmes e mergulhar nas origens do personagem, o estúdio busca criar não apenas um jogo de ação, mas uma história sobre identidade, propósito e transformação, revelando o momento em que James Bond se torna, de fato, o lendário agente com licença para matar.