Ubisoft justifica encerramento de servidores: “Nada é eterno”

Ubisoft justifica encerramento de servidores: “Nada é eterno”

Em uma reunião com acionistas realizada nesta semana, o CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, fez uma série de declarações polêmicas sobre o atual modelo de negócios da empresa. Entre os temas abordados, o executivo defendeu o uso de microtransações nos jogos, relativizou as críticas do movimento Stop Killing Games e chegou a sugerir que um eventual fracasso de Star Wars Outlaws poderia estar mais ligado à fase da marca do que à qualidade do jogo em si.

Um dos trechos mais controversos da apresentação foi a defesa enfática das microtransações. Guillemot afirmou que os conteúdos pagos contribuem para tornar os jogos mais divertidos e envolventes, embora não tenha detalhado como isso acontece na prática. A declaração contraria a visão de parte significativa da comunidade gamer, que frequentemente critica a monetização excessiva em títulos pagos e a sensação de progressão artificial.

“Nada é eterno”: Ubisoft responde ao movimento Stop Killing Games

Outro ponto sensível abordado por Guillemot foi a crescente campanha Stop Killing Games, criada após a Ubisoft encerrar os servidores de The Crew — o que tornou o jogo injogável mesmo por quem o havia comprado. A ação gerou indignação entre consumidores e reacendeu o debate sobre o direito de posse digital.

Em resposta à movimentação, o CEO alegou que a empresa faz o possível para oferecer suporte contínuo, mas que é inevitável encerrar serviços com o passar dos anos:

“Você oferece um serviço, mas nada está gravado em pedra. Em algum momento, o serviço pode ser descontinuado. Nada é eterno. […] Estamos fazendo o nosso melhor para garantir que tudo corra bem para todos os jogadores.”

Guillemot ainda justificou a prática ao mencionar que os jogos da Ubisoft indicam nas embalagens a exigência de conexão online — algo que, segundo ele, já sinalizaria a possibilidade futura de desativação. Ele também destacou que ferramentas e tecnologias se tornam obsoletas com o tempo, e que a empresa costuma lançar novas versões dos jogos para permitir a migração do público.

Responsabilizando a marca Star Wars

Questionado sobre a recepção de Star Wars Outlaws, o CEO sugeriu que um possível desempenho abaixo do esperado poderia estar relacionado à própria fase da franquia criada por George Lucas, e não necessariamente ao trabalho da Ubisoft. A fala gerou reações nas redes sociais, especialmente por ignorar o fato de que Outlaws vem sendo promovido como uma das grandes apostas da empresa para 2024.

As falas de Guillemot repercutiram mal entre jogadores e especialistas do setor. A defesa das microtransações e a minimização do direito de acesso a jogos comprados reforçam críticas recorrentes à política digital da Ubisoft, que nos últimos anos tem apostado fortemente em serviços contínuos e conteúdo vivo (live service).

Ao mesmo tempo, a empresa enfrenta o desafio de reconquistar a confiança do público diante de uma indústria cada vez mais atenta à preservação de jogos e ao respeito pelo consumidor digital. A campanha Stop Killing Games continua ganhando força, e promete pressionar não apenas a Ubisoft, mas toda a indústria, por práticas mais transparentes, sustentáveis e pró-jogador.

Fonte: Eurogamer