Atenção: Esta análise contém uma breve sinopse do jogo, mas sem spoilers da trama principal. Como essa é minha primeira vez jogando Oblivion, optei por abordar tudo com cuidado — pensando também em quem, assim como eu, ainda está descobrindo essa joia do passado.
Quando Oblivion Remastered foi anunciado, fiquei dividido entre a empolgação de finalmente jogar um dos capítulos mais reverenciados da saga The Elder Scrolls e a dúvida: será que ele envelheceu bem o suficiente para prender minha atenção em 2025? Depois de dezenas de horas explorando Cyrodiil, posso dizer com segurança: sim, o remaster vale a pena, mas ele também carrega os vestígios do tempo em que foi criado.

Uma jornada de fantasia (sinopse)
Oblivion tem uma atmosfera muito própria, mais clássica e política do que a fantasia épica de Skyrim. A história começa com o assassinato do imperador Uriel Septim VII, evento que mergulha o Império em caos. Você, um prisioneiro anônimo, acaba se tornando peça-chave na tentativa de fechar os portais de Oblivion, fendas dimensionais que ameaçam devorar o mundo real.
A narrativa principal é mais simples que a de outros títulos da franquia, mas seu grande trunfo está no universo: nas facções, nas histórias paralelas, nas escolhas que afetam pequenos e grandes desdobramentos. Mesmo com quase 20 anos, o jogo ainda transmite uma sensação de mundo vivo e cheio de possibilidades.

A Unreal Engine 5 fez milagre, mas não mágica
A primeira coisa que chama a atenção é o salto visual. Cyrodiil está mais vibrante, com florestas densas, cidades mais detalhadas e iluminação dinâmica que transforma o clima de cada região. A adaptação para a Unreal Engine 5 reimagina o mundo de forma respeitosa, sem comprometer sua identidade original.
Mas por baixo da nova camada de pintura, ainda há a fundação antiga. As animações de movimento continuam engessadas e a interação com o ambiente é limitada. A estrutura do jogo denuncia sua idade, e por mais que o combate tenha sido modernizado, não atinge a fluidez de RPGs atuais. É como dirigir um carro clássico com polimento novo: charmoso, mas com limites bem perceptíveis.

Jogabilidade entre tradição e modernidade
Minha comparação natural, como alguém que veio de Skyrim, foi inevitável, e Oblivion surpreende por modernizar pontos importantes sem perder sua essência.
O HUD foi reformulado e está mais funcional. A locomoção a cavalo é fluida e agradável, com paisagens que valem cada minuto de exploração. O combate à distância, especialmente com arcos, foi melhorado: mira mais precisa, impacto mais perceptível. Jogadores furtivos vão se sentir em casa.
A progressão de atributos se mantém fiel ao sistema clássico da série, mas aqui ela flui de forma mais orgânica: você evolui jogando do seu jeito. O sistema de persuasão foi retrabalhado; ainda tem certa estranheza, mas é mais intuitivo e útil. Já o novo sistema de dificuldade ajustável é um dos grandes acertos do remaster, oferecendo liberdade para focar no que importa a cada jogador, seja história, exploração ou desafio.

Som que encanta: áudio 3D, ambientação refinada e trilha épica elevam a imersão a outro nível
O trabalho de som é um dos pilares da imersão. O áudio 3D, os novos efeitos e o tratamento da ambientação sonora tornam o mundo muito mais vivo: feitiços ecoam nas cavernas, passos quebram o silêncio das florestas e o som de uma taberna distante convida à curiosidade. A trilha sonora continua sendo um espetáculo. Ela traduz perfeitamente a proposta do jogo: aventura, contemplação e mistério. Com bons fones de ouvido, o remaster entrega uma experiência sonora realmente impressionante.

E o que não mudou?
Mesmo com as melhorias técnicas, Oblivion continua sendo um produto do seu tempo, o que pode ser bom ou ruim, dependendo da sua perspectiva.
O ritmo de jogo é mais lento, e o mapa não segura sua mão. Muitas missões não têm marcadores claros e exigem atenção e leitura. Para quem está acostumado com a objetividade dos jogos modernos, isso pode soar frustrante. Para outros, é uma oportunidade rara de verdadeira imersão.
Mas há elementos que envelheceram mal. Os diálogos são rígidos, com expressões faciais limitadas. A IA dos NPCs é simples demais e, às vezes, beira o cômico. Você percebe que está diante de um jogo que não foi refeito do zero, mas sim retrabalhado com base no original.
O sistema de carregamentos também interfere no ritmo. Entrar em uma cidade, loja ou caverna ainda exige telas de loading. Mesmo com SSD, a frequência dessas transições denuncia a estrutura antiga, lembrando o jogador de que este remaster é uma ponte, não uma reconstrução.
Veredito
Jogar Oblivion Remastered em 2025 é como visitar as fundações do RPG moderno. O jogo tem limitações evidentes, mas também carrega um tipo de alma rara, algo que muitos títulos atuais tentam replicar, sem sucesso.
A ambientação é rica, o combate foi refinado e ajustes como o novo HUD, a movimentação e a progressão de atributos melhoraram significativamente a experiência. O mundo de Cyrodiil continua fascinante, especialmente para quem gosta de se perder em histórias paralelas e pequenos detalhes.
Por outro lado, o remaster não esconde sua idade: diálogos truncados, inteligência artificial ultrapassada e transições constantes lembram o tempo que passou. Ainda assim, esses elementos não destroem o charme do jogo; eles apenas reforçam que estamos diante de um clássico retrabalhado, e não reinventado.
Se você nunca jogou Oblivion, essa é a melhor oportunidade para conhecê-lo com um olhar atual. Se já conhece, é uma chance de redescobrir tudo com frescor visual e sonoro. Em ambos os casos, é um RPG que ainda tem muito a oferecer, principalmente para quem valoriza liberdade, profundidade e mundos ricos em personalidade.
Agradecimento
Agradecemos à Bethesda Brasil pela confiança e pela chave de review que tornou esta análise possível. É um privilégio revisitar mundos tão marcantes com o apoio direto de quem os criou. Obrigado por permitir que o Level Up News compartilhe essa experiência com sua comunidade.