Hideo Kojima afirma que “não há volta” no debate sobre IA e alerta para os riscos de dependência exagerada

Hideo Kojima afirma que “não há volta” no debate sobre IA e alerta para os riscos de dependência exagerada

O lendário criador de Metal Gear e Death Stranding compara a ascensão da IA à dos smartphones e chama atenção para o uso consciente da tecnologia


Em meio a um dos debates mais intensos da indústria de jogos nos últimos meses — o papel e os limites da inteligência artificial — o lendário desenvolvedor Hideo Kojima compartilhou uma visão franca e ponderada sobre o tema: a tecnologia chegou para ficar e não podemos voltar atrás. Sua declaração ressoa como um chamado à reflexão enquanto a comunidade global tenta equilibrar entusiasmo e cautela diante de avanços cada vez mais rápidos. 

Do smartphone à IA: uma evolução inevitável

Em entrevista ao veículo japonês Nikkei Xtrend, Kojima traçou um paralelo entre a chegada dos smartphones e a ascensão da inteligência artificial. Na época em que os celulares inteligentes surgiram, lembra ele, muitas pessoas criticaram a ideia, hoje, no entanto, é difícil imaginar a vida sem esses aparelhos.

Não há sentido em dizer ‘não devemos usar IA’ ou ‘IA é inútil’. Não há volta. Com os smartphones foi a mesma coisa.” 

Segundo o criador por trás de Metal Gear Solid e Death Stranding, negar a presença crescente da IA no cotidiano seria tão fútil quanto tentar restabelecer um mundo sem celulares. A tecnologia, ele acredita, já faz parte do tecido social e vai continuar modelando muitos aspectos da vida moderna. 

O lado positivo — e os limites

Kojima não vê a inteligência artificial como um inimigo absoluto. Pelo contrário: ele acredita que a IA pode transformar positivamente a forma como nos comunicamos. Por exemplo, pessoas com dificuldades em interações sociais presenciais poderiam encontrar na tecnologia uma ferramenta de apoio para se conectar melhor com os outros. 

Ainda assim, o criador alertou para um perigo real: a possibilidade de as pessoas se tornarem “mimadas” ou excessivamente dependentes da tecnologia. Para ele, existe um risco de que o uso constante da IA reduza nossa capacidade de enfrentar desafios por conta própria, algo que exige cuidado e um uso equilibrado desses recursos. 

Propostas práticas de uso consciente

Para evitar esse cenário, Kojima sugeriu soluções simples, mas significativas: reduzir a participação da IA em determinados momentos ou até estabelecer dias em que a tecnologia não seja utilizada. A ideia é incentivar uma relação mais saudável e consciente com ferramentas que potencialmente podem acelerar nossa vida diária ou substituir processos humanos importantes. 

Uma conversa maior sobre criatividade e tecnologia

As observações de Kojima entram em uma conversa global mais ampla sobre o papel da IA na indústria do entretenimento e além. Enquanto alguns defendem que a inteligência artificial pode automatizar tarefas repetitivas e liberar espaço para criatividade humana, outros temem uma diluição da autoria artística e criativa, especialmente em áreas como narrativa, cinema e jogos. 

Kojima, por sua vez, parece caminhar em uma linha intermediária: reconhecer os benefícios da tecnologia sem permitir que ela substitua o toque humano essencial na criação e na experiência diária.

Fonte: Nikkei Xtrend / InsiderGaming