Estúdio reforça que a tecnologia pode acelerar processos e otimizar tarefas, mas a alma criativa da franquia continua sendo exclusivamente humana
Em uma fala que mistura pragmatismo com visão estratégica sobre o futuro da indústria, o co-CEO da CD Projekt RED, Michał Nowakowski, abordou de maneira franca e certeira o papel da inteligência artificial (IA) na criação de videogames e o que isso realmente significa para projetos gigantes como The Witcher 5 ou The Witcher 6.
IA: aliada, não protagonista
Nowakowski enfatizou que a empresa já usa ferramentas baseadas em IA para melhorar fluxos internos e otimizar tarefas repetitivas, especialmente nas áreas administrativas ou que beneficiam diretamente a produtividade. A tecnologia, segundo ele, já traz vantagens concretas e mensuráveis em alguns aspectos do desenvolvimento.
Mas antes que alguém imagine um futuro em que máquinas substituem artistas ou roteiristas, o executivo foi categórico:
“IA não vai desenvolver sozinha grandes jogos AAA, incluindo The Witcher 5 ou 6. A criação de mundos densos, narrativas orgânicas e decisões de design ainda dependem da sensibilidade humana.”
Essa distinção é importante, aliás, quase poética: tecnologia como luz que ilumina o caminho, mas não como quem escreve as histórias. É um lembrete de que ferramentas são poderosas, mas sem o toque humano continuam ferramentas.
Sobre as demissões na indústria
Outro ponto vital do discurso de Nowakowski foi o mito de que a IA está por trás das recentes demissões em massa no setor de jogos. Ele rebateu isso com firmeza: na visão dele, os cortes que vimos até aqui estão muito mais ligados a cancelamentos de projetos e reorganizações internas do que a qualquer substituição direta de trabalhadores por algoritmos.
Ele não prevê um colapso de empregos com a adoção crescente da IA, lembrando que tecnologias transformadoras do passado — lembrando a revolução do motor a vapor ou da eletricidade, também mudaram setores e funções, mas acabaram criando novas oportunidades ao longo do tempo.
IA no contexto maior da saga The Witcher
Essa posição da CD Projekt RED vai ao encontro de outra tendência que vimos recentemente: o estúdio anunciou oficialmente que está desenvolvendo a nova saga de The Witcher usando Unreal Engine 5, em parceria com a Epic Games, apontando para um foco tecnológico forte mas ainda humano na criação dos mundos da franquia.
E há planos ambiciosos de lançar toda a trilogia, começando por The Witcher 4, em cerca de seis anos, o que sugere que a empresa acredita que a combinação de tecnologia e talento humano pode reduzir ciclos de desenvolvimento sem abrir mão da qualidade.
A mensagem da CD Projekt é clara: IA é ferramenta — uma com muito potencial — mas a arte do jogo ainda pulsa no coração e na imaginação das pessoas que o criam.
Fonte: CD Projekt RED
