Shuhei Yoshida revela arrependimentos sobre clássicos japoneses do PS1 não lançados no Ocidente

Shuhei Yoshida revela arrependimentos sobre clássicos japoneses do PS1 não lançados no Ocidente

Ex-presidente da PlayStation reflete sobre decisões que limitaram o acesso a jogos icônicos durante os primeiros anos do console


Shuhei Yoshida, ex-chefe da PlayStation, compartilhou recentemente um de seus maiores arrependimentos ao longo de seus 31 anos na Sony: a decisão de não lançar diversos clássicos japoneses do PlayStation original nos mercados americano e europeu. As declarações foram feitas em entrevistas que celebram o 30º aniversário do console, ocasião que trouxe reflexões sobre o legado do PS1 e sua influência no mercado global. Em entrevista ao portal GameIndustry.biz, Yoshida explicou que muitos títulos de terceiros japoneses acabaram impedidos de chegar ao Ocidente devido a limitações físicas nas prateleiras das lojas.

“Por causa do espaço limitado no varejo, tanto as equipes europeias quanto as americanas não aprovavam muitos jogos japoneses”, afirmou.

Essa decisão acabou restringindo o acesso de jogadores ocidentais a joias como Policenauts, da Konami, e Deep Freeze, da Sammy, que só podiam ser obtidos via importação – um processo complexo e custoso na época.

Transição de 2D para 3D e impacto nos lançamentos

Outro fator destacado por Yoshida foi a transição dos gráficos 2D para 3D durante os anos 1990. Havia uma percepção de que jogos bidimensionais não teriam apelo nos mercados ocidentais, o que levou a que títulos como Panzer Bandit e Mega Man X3 fossem rejeitados em favor de experiências tridimensionais, como Final Fantasy 7. Essa estratégia refletia uma tentativa de alinhar o catálogo ocidental às expectativas do público e às tendências tecnológicas da época, mas também acabou limitando a diversidade de jogos disponíveis fora do Japão. O timing dos lançamentos também influenciou essas decisões. O PlayStation chegou aos Estados Unidos e à Europa em setembro de 1995, um ano após seu lançamento no Japão, o que deu à Sony mais tempo para avaliar e selecionar títulos adicionais para o mercado ocidental.

“Para o lançamento no Japão, tínhamos apenas um número limitado de jogos. Contávamos com Ridge Racer, que era realmente popular no Japão e ajudou a impulsionar o sistema. No entanto, quando o console chegou aos EUA e Europa, já havia muitos jogos adicionais excelentes disponíveis”, explicou Yoshida.

Mudanças recentes e acessibilidade global

Felizmente, a tendência de jogos exclusivos para o Japão diminuiu significativamente nas últimas décadas. Desenvolvedoras e publicadoras passaram a disponibilizar seus catálogos globalmente, seja por meio de relançamentos, remasterizações ou serviços digitais como PlayStation Store e plataformas de emulação oficial. Yoshida vê isso como um avanço importante, permitindo que títulos históricos alcancem um público mais amplo e preservem seu legado cultural.

O relato de Shuhei Yoshida oferece uma perspectiva única sobre os desafios da expansão global do PlayStation nos anos 1990, destacando como fatores como logística, percepção de mercado e limitações tecnológicas influenciaram decisões estratégicas que moldaram o acesso a clássicos japoneses fora do país de origem. Ao mesmo tempo, a evolução recente do mercado mostra que essas barreiras estão cada vez mais superadas, permitindo que novos jogadores redescubram obras que, por décadas, foram restritas a colecionadores e importadores.

Fonte: GameIndustry