A King, desenvolvedora por trás do fenômeno mobile Candy Crush Saga, iniciou uma nova onda de demissões em massa que deve atingir aproximadamente 200 funcionários, ou cerca de 10% de sua força de trabalho global. A informação foi revelada pelo site Mobilegamer.biz e confirmada por fontes internas da companhia. O corte faz parte de um processo de reestruturação que está previsto para ser concluído até setembro de 2025.
Equipes inteiras sendo substituídas por IA
As demissões afetam principalmente gerentes intermediários, roteiristas, designers de fases, equipes de UX e pesquisa de usuários, com destaque para o esvaziamento da equipe de Farm Heroes Saga em Londres, que perdeu cerca de 50 integrantes. Parte dos funcionários afetados está em licença remunerada, aguardando definição até o fim do verão europeu.
O aspecto mais polêmico do processo, segundo relatos de funcionários, é que várias equipes demitidas foram justamente as responsáveis por treinar as ferramentas de IA que agora estão substituindo seus próprios cargos.
“A maior parte do design de fases foi descartada, o que é uma loucura, já que eles passaram meses criando ferramentas para construir fases mais rápido”, afirmou um funcionário desligado. “Essas ferramentas de IA agora estão basicamente substituindo as equipes.”
O mesmo padrão ocorreu com a equipe de redação publicitária, que também teria sido desmontada. Funcionários relatam que o discurso interno foca em eficiência e lucratividade, mesmo com a empresa apresentando boa performance financeira. A King faz parte da Activision Blizzard, que por sua vez integra o portfólio da Microsoft desde 2023.
Clima interno de instabilidade e desgaste
Além dos cortes, uma pesquisa interna de clima organizacional revelou que o moral dos funcionários já estava baixo antes das demissões, e agora foi descrito por fontes internas como estando “no fundo do poço”. O departamento de Recursos Humanos também foi criticado por agir mais como um defensor da empresa do que como apoio aos trabalhadores.
“Se estamos criando mais ciclos de feedback, então é insano remover os próprios desenvolvedores. Precisamos de mais gente trabalhando e menos liderança”, disse outro colaborador.
As equipes de Candy Crush continuam operando com uma rotina considerada “estável, mas tensa”, lidando com reestruturações frequentes e pressão por desempenho, o que tem aumentado o desgaste entre os profissionais.
Sindicato e Microsoft ainda não se manifestaram
A King está atualmente em negociações com sindicatos, enquanto parte dos funcionários demitidos permanece em um estado de incerteza contratual. O portal Mobilegamer.biz procurou a Microsoft para comentar sobre os cortes, mas não obteve resposta até o momento.
O caso reacende o debate sobre o impacto da inteligência artificial no setor criativo, especialmente quando usada para cortar custos às custas de equipes que ajudaram a desenvolver as próprias ferramentas. A situação gerou críticas duras dentro e fora da empresa, levantando preocupações sobre os rumos éticos e trabalhistas da indústria de jogos.