Gigantes da indústria se enfrentam em disputa internacional após acusações de que o jogo Light of Motiram teria copiado elementos visuais e conceituais do sucesso da PlayStation
A disputa entre Sony Interactive Entertainment (SIE) e Tencent ganhou um novo capítulo. A gigante japonesa acusa a companhia chinesa de ter criado uma cópia de Horizon Zero Dawn com o título Light of Motiram, um jogo de sobrevivência em mundo aberto que, segundo a Sony, reproduz não apenas a estética, mas também conceitos narrativos e de design do aclamado RPG. Em resposta, a Tencent apresentou um documento de defesa de 21 páginas, no qual busca invalidar o processo movido pela Sony. A empresa afirma que a ação foi “dirigida às partes erradas” e que muitas das supostas infrações “nem sequer haviam ocorrido” no momento em que o processo foi iniciado. A Tencent também argumenta que a Sony estaria “frustrada com o andamento dos procedimentos legais” e tenta “forçar o caso contra réus que não têm responsabilidade sobre as condutas alegadas”.
A Sony sustenta que a Tencent e suas subsidiárias participaram ativamente de ações que violam a propriedade intelectual da SIE, especialmente em relação à identidade visual e conceitual de Horizon Zero Dawn. A companhia afirma que Light of Motiram apresenta similaridades notórias com sua franquia, tanto no design da protagonista quanto nas criaturas mecânicas que povoam o jogo. A Tencent, por outro lado, refuta categoricamente as alegações. A empresa alega que o tribunal “não possui jurisdição pessoal” sobre sua holding e que a queixa “não oferece fatos concretos” que sustentem as acusações. Além disso, contesta diretamente o argumento de plágio visual, afirmando que a fama de uma personagem não é suficiente para garantir proteção legal como marca registrada.
“Fama não cria uma marca registrada; para isso, o símbolo precisa funcionar como identificador de origem de um produto ou serviço específico”, diz o trecho da defesa, em referência à protagonista Aloy, personagem central de Horizon Zero Dawn.
O caso Light of Motiram
O embate teve início quando Light of Motiram, desenvolvido pela Polaris Quest, subsidiária da Tencent, chamou atenção pela forte semelhança com Horizon Zero Dawn. Jogadores e analistas destacaram semelhanças visuais na protagonista feminina, que apresenta traços, vestimentas e postura muito próximas às de Aloy, além da presença de criaturas robóticas de design similar às máquinas da franquia da Sony. Diante da repercussão negativa, a Polaris Quest chegou a remover do Steam algumas imagens promocionais que remetiam a esses elementos, numa tentativa de mitigar a controvérsia.
No entanto, a medida foi considerada insuficiente pela Sony, que manteve o processo alegando violação de direitos autorais e uso indevido de propriedade intelectual. A disputa entre Sony e Tencent não é apenas um confronto corporativo, mas um reflexo da complexa dinâmica de propriedade intelectual entre Japão e China, duas potências globais com abordagens distintas sobre proteção criativa no setor de jogos.
A Tencent, que opera sob um modelo de múltiplas subsidiárias e colaborações, busca evitar uma decisão que possa estabelecer um precedente internacional em casos de design e semelhança estética. Por outro lado, a Sony tenta reforçar sua posição como defensora do valor autoral de suas criações, especialmente após o sucesso global de Horizon Zero Dawn e Horizon Forbidden West, franquias que se tornaram sinônimo de qualidade narrativa e identidade visual no ecossistema PlayStation.
Consequências e perspectivas
Com as duas empresas trocando acusações e recursos, o caso deve se estender por um longo período antes de qualquer decisão definitiva. Analistas acreditam que, mesmo que a Sony não obtenha uma vitória formal, o processo pode pressionar a Tencent a reformular ou alterar aspectos visuais de Light of Motiram para evitar danos de imagem. Enquanto isso, o jogo continua sendo alvo de atenção e polêmica. Pouco se fala sobre sua jogabilidade ou inovações, e o foco permanece nas comparações com o título da Guerrilla Games. O resultado final dessa batalha pode influenciar futuras disputas de propriedade intelectual na indústria de games, definindo novos limites entre inspiração criativa e plágio visual.
Mais do que uma simples briga entre duas empresas, o conflito entre Sony e Tencent evidencia como a linha entre homenagem e cópia se tornou cada vez mais tênue em um mercado globalizado. À medida que os jogos se aproximam da qualidade cinematográfica e expandem seus universos narrativos, questões de autoria e identidade visual ganham peso jurídico inédito. Independentemente do desfecho, Light of Motiram já se tornou um símbolo de uma discussão maior: até que ponto é possível inspirar-se em uma obra sem ultrapassar os limites da originalidade? Essa é a pergunta que a justiça (e o público) tentarão responder nos próximos capítulos dessa disputa entre duas das maiores forças do entretenimento digital.
Fonte: GamesRadar
 
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