Durante o isolamento da pandemia de COVID-19, Hideo Kojima passou por uma crise de saúde que abalou não apenas seu corpo, mas também sua visão sobre o futuro. Após enfrentar limitações físicas e se submeter a uma cirurgia ocular, o renomado criador de Metal Gear Solid e Death Stranding viu de perto a própria mortalidade — algo que, segundo ele, nunca havia considerado com tanta seriedade.
“Naquele período, fiquei realmente doente e não conseguia mais criar nada. Também perdi muitas pessoas ao meu redor.”
-revelou Kojima em entrevista à revista Edge.
A experiência o fez repensar a forma como encara seu trabalho e o tempo que ainda tem para se expressar criativamente.
Um testamento em forma de pendrive
Ao completar 60 anos, Kojima passou a se perguntar quanto tempo ainda teria para criar — e, ao invés de se concentrar em um único projeto, decidiu abraçar vários de uma só vez. Entre eles estão Death Stranding 2, o misterioso jogo de terror OD, e Physint, um novo título de espionagem idealizado a pedido dos fãs e em parceria com a Sony.
Mas a decisão mais inusitada veio como uma forma de garantir a continuidade de sua visão criativa: Kojima preparou um pendrive contendo conceitos de jogos inéditos e o entregou ao seu assistente pessoal. A ideia é que, caso algo aconteça com ele, a Kojima Productions tenha um norte a seguir.
“É como um testamento. Deixei todas as minhas ideias registradas para que eles possam continuar mesmo sem mim.”
-explicou.
Seu desejo é que o estúdio não apenas sobreviva após sua partida, mas que continue criando novas obras baseadas em sua filosofia — e não apenas gerenciando IPs já existentes. Ele deixa claro que isso não significa falta de confiança em sua equipe, mas uma forma de preservar o DNA criativo que deu origem à Kojima Productions.
O legado de um visionário
Figura central na indústria dos games há décadas, Hideo Kojima revolucionou o gênero stealth com a franquia Metal Gear e tem sido uma ponte constante entre o mundo dos jogos e o cinema. Após sua saída da Konami, fundou seu próprio estúdio e lançou Death Stranding em 2019, um jogo que dividiu opiniões mas reafirmou seu estilo único. A sequência está a caminho e, segundo o próprio criador, vem sendo recebida com entusiasmo internamente.
Conhecido por suas colaborações com diretores como Guillermo del Toro e Nicolas Winding Refn — que inclusive atuaram em Death Stranding —, Kojima chegou a considerar a ideia de dirigir um filme. No entanto, foi convencido por ambos os cineastas a continuar fazendo o que faz de melhor: criar experiências interativas que desafiam convenções.
Mesmo diante da fragilidade da vida, Kojima segue pensando no futuro — não apenas no seu, mas no da arte que escolheu como legado.
Fonte: VGC