Shuhei Yoshida reflete sobre os bastidores do PlayStation Studios e o futuro do desenvolvimento de jogos na Sony

Shuhei Yoshida reflete sobre os bastidores do PlayStation Studios e o futuro do desenvolvimento de jogos na Sony

Após mais de três décadas de trajetória na Sony, Shuhei Yoshida se desligou da companhia em janeiro de 2025, encerrando um ciclo marcante dentro do PlayStation Studios, onde ocupou cargos de liderança e foi responsável por decisões estratégicas importantes — muitas delas difíceis.

Em uma entrevista recente, Yoshida compartilhou bastidores pouco conhecidos sobre o processo de desenvolvimento de jogos dentro da gigante japonesa. Entre as revelações, o executivo contou que chegou a cancelar dois grandes projetos que já haviam consumido mais de 25 milhões de dólares cada — valores expressivos para a época, segundo ele.

Cancelamentos são parte do processo, diz Yoshida

De acordo com Yoshida, jogos costumam ser interrompidos ainda em estágio de protótipo, quando se percebe que o investimento necessário para concluir o projeto não se justifica diante do potencial retorno financeiro.

“Se os custos superam a receita estimada, o projeto é encerrado. Já cancelamos muitos jogos nessa etapa, e o público nunca soube disso. E tudo bem, isso faz parte do nosso processo interno.”

-explicou.

Ele acrescentou que os dois maiores cancelamentos que conduziu já estavam em fases avançadas e que a decisão foi particularmente dolorosa.

“Foi difícil aceitar que não percebemos isso antes. Naquele tempo, 25 milhões de dólares era uma quantia imensa.”

Yoshida, no entanto, optou por não revelar os nomes dos jogos que foram descartados.

O respeito pela criação como pilar da liderança

Ao relembrar seu período à frente do PlayStation Studios, Yoshida destacou que sempre teve profundo respeito pelo trabalho criativo das equipes envolvidas no desenvolvimento dos jogos. Ele acredita que essa postura colaborativa foi essencial para construir boas relações com estúdios e desenvolvedores.

“Eu nunca fui capaz de criar jogos por conta própria — sempre dependi do talento dos outros. Como produtor, minha função era ser exigente com os outros produtores. Mas quando se tratava de artistas, programadores e demais profissionais envolvidos, sempre valorizei muito o que cada um fazia.”

-confessou.

Essa filosofia de gestão, aliando visão de negócios e valorização da criatividade, ajudou Yoshida a conduzir o PlayStation Studios em momentos decisivos — e ainda levanta reflexões importantes sobre quando e como uma grande empresa como a Sony decide parar ou continuar investindo em uma ideia.