PS5, tarifas de importação e o governo Trump: até quando a Sony conseguirá manter os preços estáveis?

PS5, tarifas de importação e o governo Trump: até quando a Sony conseguirá manter os preços estáveis?

Com o anúncio de novas tarifas sobre produtos importados pelos Estados Unidos, o setor de tecnologia e games enfrenta um cenário incerto. Fabricantes como Sony e Nintendo, que dependem fortemente de cadeias de produção asiáticas, são diretamente impactados pelas medidas protecionistas.

Enquanto a Nintendo já optou por suspender a pré-venda do Switch 2, supostamente para reavaliar os custos, a Sony tomou medidas antecipadas para mitigar os efeitos das possíveis mudanças nas tarifas.

Sony busca alternativas, mas medidas são paliativas

A gigante japonesa afirmou ter reforçado a flexibilidade de sua cadeia de suprimentos nos últimos anos, especialmente nas divisões de games, entretenimento e imagem. Além disso, a empresa criou estoques estratégicos nos EUA para minimizar os efeitos imediatos de um eventual aumento nas tarifas. No entanto, analistas apontam que essas ações oferecem apenas uma solução temporária.

De acordo com Daniel Ahmad, especialista da indústria, essa reserva de estoque pode garantir estabilidade a curto prazo, mas não sustenta a empresa a longo prazo. Quando os estoques atuais se esgotarem, novas unidades do PlayStation 5 poderão chegar ao mercado com custos significativamente mais altos.

Fabricar fora da China: solução ou desafio?

Atualmente, grande parte dos consoles é produzida na China — país que poderá sofrer uma taxa de importação de até 54% com a nova política tarifária. Uma das saídas seria transferir parte da produção para o Japão, o que reduziria a taxa para 24%. Porém, essa mudança também elevaria os custos operacionais e, consequentemente, os preços para o consumidor.

Outra alternativa considerada é o Vietnã, mas, segundo Ahmad, a produção em larga escala no país só seria viável a partir de 2026. Até lá, a Sony terá que equilibrar custos de fabricação, logística e políticas comerciais para manter sua margem de lucro.

PS5 Pro pode ter antecipado o cenário

Lançado recentemente, o PS5 Pro pode já ter sido precificado com base nesse cenário volátil. Segundo Ahmad, o modelo — vendido por US$ 700 — parece ter levado em consideração os impactos tarifários previstos, o que pode garantir à Sony alguma margem de manobra caso os preços precisem subir.

O fato de o PS5 estar em um estágio avançado de seu ciclo de vida, gerando lucros por unidade vendida, também ajuda a amenizar os efeitos imediatos. Ainda assim, a Sony declarou estar pronta para adotar novas medidas conforme o cenário evoluir.

Futuro incerto e análise cautelosa

Por ora, a previsão da empresa é de que as tarifas anteriormente anunciadas terão pouco impacto no atual ano fiscal. No entanto, com novas taxas em análise e incertezas sobre sua aplicação real — previstas inicialmente para 9 de abril —, não há garantias de estabilidade.

Ahmad encerrou sua análise ressaltando que tudo depende das decisões futuras:

“Essa é apenas minha avaliação com base nas informações e nas condições atuais, que podem mudar a qualquer momento”.

Com isso, permanece a dúvida: por quanto tempo a Sony conseguirá proteger os consumidores de aumentos significativos?