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Durante muito tempo, os jogos exclusivos foram considerados pilares fundamentais na disputa entre fabricantes de consoles. No entanto, a indústria passou por grandes transformações nos últimos anos — e a Sony é um dos principais exemplos dessa mudança de mentalidade. Hoje, os títulos originalmente exclusivos do PlayStation vêm ganhando espaço no PC, algo que seria inimaginável anos atrás, como destacou Shuhei Yoshida, veterano da empresa, em uma recente entrevista.
Da proibição aos lançamentos estratégicos no PC
Yoshida, que deixou oficialmente a Sony em janeiro após 31 anos de atuação na companhia, refletiu sobre a trajetória da empresa em entrevista ao AV Watch (via Automaton). Ele comentou como, em tempos passados, os jogos desenvolvidos internamente eram considerados ferramentas-chave para impulsionar as vendas de consoles — e, por isso, havia uma política rígida contra o lançamento desses títulos em outras plataformas.
“Na minha época, não era permitido portar jogos AAA para o PC. Lançamentos menores, digitais, até passavam, mas os grandes títulos eram exclusivamente do PlayStation.” Isso começou a mudar com o lançamento de Horizon Zero Dawn para PC em 2020, abrindo caminho para jogos como Days Gone, God of War e The Last of Us.”
-disse Yoshida
Jogos first-party se tornam um negócio independente
Segundo Yoshida, a Sony passou a tratar os jogos first-party não apenas como meio de atrair jogadores para o console, mas como uma divisão de negócios com identidade própria. Essa reestruturação permitiu maior flexibilidade, especialmente em relação aos lançamentos no PC. Para títulos focados em multiplayer, por exemplo, o lançamento simultâneo em diferentes plataformas ajuda a construir uma base de jogadores mais robusta. Já os jogos single-player, segundo ele, podem migrar para o PC após um ou dois anos, garantindo uma nova fonte de receita.
Expansão para o PC não ameaça os consoles, diz Yoshida
Yoshida também argumenta que essa nova abordagem contribui para a expansão global das propriedades intelectuais da Sony, especialmente em mercados onde os consoles não são predominantes, como a China.
“Em regiões onde o PC é mais popular, pode ser difícil convencer o público a adquirir um console. . Mas, ao apresentar a marca por meio de jogos no PC, é possível despertar o interesse e, quem sabe, atrair esses jogadores para futuras experiências no PlayStation.”
-explicou
Apesar da ascensão dos PCs como plataforma de jogos, Yoshida não acredita que isso coloque em risco a relevância dos consoles. Para ele, o grande diferencial do PlayStation continua sendo a experiência uniforme: todos jogam em um hardware padronizado, o que facilita a otimização e entrega uma experiência mais consistente para o jogador.