Por Se em 2006 Gears of War revolucionou o gênero de tiro em terceira pessoa com sua gameplay de cobertura, sua atmosfera brutal e o icônico Lancer equipado com motosserra, 20 anos depois ele chega pela primeira vez ao PlayStation, em Gears of War: Reloaded.
Apesar de já ter passado por duas remasterizações anteriores, todas exclusivas de PC e Xbox, esta é a primeira vez que a série desembarca oficialmente no console da Sony. É minha primeira vez jogando Gears, e a experiência é ao mesmo tempo uma celebração de sua história e um lembrete do quanto o tempo pesa até mesmo sobre gigantes. Joguei no PS5 base, a 60 FPS, e a sensação foi clara: o clássico ainda pulsa, mas já não esconde suas rugas.
É uma experiência que carrega tanto a glória da revolução que causou em sua época quanto as limitações de sua estrutura, que já não acompanha os padrões modernos.
Campanha que moldou uma geração
A campanha de Marcus Fenix e da COG é a alma da experiência. Linear, com cerca de seis horas de duração, coloca o jogador em uma guerra desesperada contra os Locusts, inimigos que se tornaram símbolos da série. Não há espaço para escolhas narrativas ou múltiplos caminhos: a estrutura segue firme, quase rígida, como um reflexo da época em que foi criada.
Isso não significa ausência de impacto. A brutalidade dos tiroteios, a sensação de peso nas armas e a atmosfera opressiva ainda funcionam. Mas é impossível ignorar a IA datada, companheiros que andam sem propósito durante combates intensos e inimigos que abandonam cobertura em momentos desconcertantes. É um contraste gritante: a gameplay que inaugurou um estilo agora luta para se manter relevante no presente.
Técnica entre o respeito e a limitação
Reloaded traz uma série de melhorias técnicas que ajudam a suavizar a idade. No PS5, temos resolução 4K a 60 FPS estáveis, iluminação aprimorada, texturas mais nítidas e a remoção de telas de carregamento. No PS5 Pro, o pacote inclui PSSR, sombras mais detalhadas e reflexos de alta qualidade. É um esforço notável da The Coalition para atualizar o clássico, mas ainda assim o resultado lembra mais um título de Xbox One do meio da geração do que um produto moderno.
O suporte ao DualSense é um extra bem-vindo, ainda que discreto. Os gatilhos adaptáveis transmitem a resistência do Lancer e o impacto seco da Gnasher, mas não passam de complementos. A fluidez é inegável, mas a identidade visual já não impressiona como antes.
O multijogador que mantém a chama
Se a campanha mostra sinais claros da idade, o mesmo não se pode dizer do multijogador. Aqui está a verdadeira força de Reloaded. A remasterização oferece servidores dedicados, todos os mapas retrabalhados e taxa de quadros que pode chegar a 120 FPS. O ritmo permanece brutal, direto e altamente técnico, fiel à essência da série.
A espingarda Gnasher continua sendo a estrela, em combates que exigem precisão, reflexos e estratégia. Para novatos, a curva de aprendizado é cruel, mas persistir traz recompensas em uma das experiências online mais intensas já criadas.
Não há passes de batalha, skins premium ou progressão infinita. É só você, seu esquadrão e o campo de batalha. Uma abordagem quase antiquada para os padrões atuais, mas que, paralelamente, pode soar refrescante.
Um legado que não se apaga
Gears of War: Reloaded é um jogo preso entre dois tempos. A campanha ainda tem valor, mas não impressiona como antes. O multijogador segue sendo a alma da experiência, provando por que a série se tornou referência. Visualmente, a segunda remasterização não atinge o impacto esperado no PS5, mas as melhorias técnicas e a fluidez ajudam a suavizar a idade.
Veredito
Gears of War: Reloaded é mais um reencontro do que uma reinvenção. Para quem joga pela primeira vez no PS5, é um clássico que mostra suas marcas de 20 anos, mas que ainda mantém a intensidade da gameplay e do combate estratégico. Imperfeito e envelhecido, mas com intensidade suficiente para lembrar por que Gears of War se tornou uma das franquias mais icônicas dos games.